Novas Tecnologias: Painel

com Nolan, Carlos de Andrade, Vinícius Brazil, José Augusto Porchat

Última sessão do evento, constituiu-se num painel acalorado, onde novidades pipocavam e rebatiam-se de boca em boca, como se estivessem editando e masterizando as novidades tecnológicas que estão por vir. Definitivamente um quadro onde o poder mercadol ógico e os pointers do estado da arte delineiam uma tecnocracia assustadora para o próximo milênio, com mídia superando mídia e sagacidade tecnológica travestida em marketing. Preparem-se, porque pode ser que o CD venha novamente a ser substituído por outra mídia digital em futuro breve. Aliás, comentou-se sobre o padrão CD atual e as limitações que lhe foram impostas desde sua concepção, como o formato de palavra até 16 bits, entre outros features.

Uma tecnologia que alguns ainda apostam invadir o mercado ainda esse ano é o DVD (Digital Video Disk), com novo formato de codificação de vídeo e áudio. Tecnologias de compressão e codificação de áudio não faltam, estão aí o Dolby AC3 e o Musicam como exemplos. O novo DVD poderá ser impresso com 1 ou 2 lados legíveis, com 1 ou 2 camadas (layers legíveis) por lado, num formato de áudio proprietário onde alguns fabricantes/empresas tomando a liderança tentarão impor ao mercado o novo formato.

Pontos pouco claros ficaram na discussão entre o atual padrão de codificação PCM (Pulse Code Modulation), amplamente usado e conhecido, versus o DSD encoding, possível tendência futura. Ainda, uma novidade antiga: o retorno da válvula para uso em processadores digitais (compressores, por exemplo), em reconhecimento a algumas características positivas das curvas de resposta de vávulas, onde feixes de elétrons "deslizando" por entre suas placas internas garantem uma textura mais macia ao áudio tratado. Tome como exemplo o compressor stereo Manley (limiter compressor) que é valvulado.

Uma outra novidade é a tendência que existe em se aumentar a banda de resolução para o áudio digital, caminhando para 24 bits, e (pasmem!...) caminhando para uma frequência de amostragem de 96KHz!... Existem os entusiastas da proposta, que argumentam a favor ponderando que existem frequências além do clássico limite superior de 20KHz as quais influem na qualidade de alguns gestos musicais, como por exemplo em ataques de instrumentos percussivos (que teriam rise times tão abruptos a ponto de enco mpassar frequências além de 20KHz importantes na sensação da qualidade do timbre). É verdade que existem algumas teorias sobre a percepção de ondas subsônicas (abaixo de 20 Hz) e ultra-sônicas, e suas influências sobre timbres instrumentais, mas essa deve merecer maior atenção dos pesquisadores antes que migremos para 96 KHz. É esperar para ver.

No mercado de áudio e vídeo do próximo milênio ainda muita água vai rolar. Resta saber até onde usuários e fabricantes se situarão em posição de beneficiário e beneficiador nesta luta cega (apesar do vídeo em alta resolução) e surda (apesar do áudio de alta fidelidade).

Page maintained by Regis Rossi A. Faria, regis@lsi.usp.br. Created: 13/10/96 Updated: 13/10/96