Travessia Serra dos Órgãos - Petrópolis/Teresópolis (RJ)



Comentários Iniciais

Em 05/02/06, num churras da comunidade Trilheiros & Bêbados, em um sítio em Arujá, Romilton e Rogério comentaram sobre a Travessia do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Muitos ficamos empolgados. Rogério e Romilton já tinham feito esse percurso por duas vezes. Falou-se dos obstáculos do percurso e muitos de nós ficamos interessados. Começamos a interagir, via e-mail, e a pesquisar sobre o assunto.
O Parque Nacional da Serra dos Órgãos possui uma área de 11 mil hectares (aproximadamente a área de Cuba) e está localizado na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. A tradicional travessia que sai de Petrópolis e leva a Teresópolis (ou vice-versa) é a melhor maneira de se conhecer o Parque.
Infelizmente, por motivo x ou y que não vem ao caso, muitos desistiram e acabamos apenas Romilton, Rogério, Marcos e eu saindo de São Paulo às 23h do dia 14/06/06 rumo à Petrópolis, com 4 mochilas super lotadas/pesadas, contendo 2 barracas e todo o equipamento e suprimentos necessários. Como muitos amigos me perguntaram como foi, resolvi criar, rapidinho, essa página aqui, numa espécie de "diário de bordo".



Primeiro Dia: 15/06/06

Chegamos em Petrópolis às 6h. Fomos à Rodoviária Velha, tomamos café em uma panificadora de frente. Pegamos um ônibus para o terminal Correias e de lá o ônibus Pinheiral, cujo último ponto é próximo à entrada do Parque. Às 10h começamos a caminhada. São no total de 7 km de caminhada pesada morro acima que se inicia no Vale do Bonfim até a Pedra do Açu, (2.216 m de altitude) base para o primeiro acampamento.
Duas horas depois, confesso, estava exausto. Cheguei a pensar que não conseguiria. Não conseguia controlar muito bem minha respiração. Minhas pernas começaram a doer muito. Achei que teria cãimbras. Estávamos todos cansados. Íamos no ritmo 20 x 5 (essa é do Romilton), o que equivale a vinte passos e cinco minutos de descanso (risos). A cada momento a mãe natureza nos brindava com um visual inebriante, como se nos convidando à sua intimidade.
Pequenas paradas apenas para água, barrinhas de cereal e mais água. Chegamos às 16h na Pedra do Açu. Montamos acampamento. Primeiro ponto de água (pequenas poças). Romilton preparou um risoto pra lá de bom. Suco para acompanhar. 17h30, completamente escuro.
Céu lindo!!! Muito frio (5 graus mas a sensação era de que fosse menos). 18h30, de barriga cheia e cansados, nos tornamos mais quatro pedras no ambiente. 1h38 da manhã, chá noturno, bom papo, frio e céu estrelado.
Balanço do dia: Chegamos num ótimo horário, no ponto previamente estabelecido, sem erros!!!


Começando a Trilha

A Equipe

Nas Alturas

Descanso merecido

Visual demais

Quase chegando na Pedra do Açu


Segundo Dia: 16/06/06

O dia começa bem. Sol aparecendo, frio amenizando... Café da manhã, lavar louças, desfazer o acampamento, recolher todo o lixo produzido, fechar mochilas e vamos nós. Descansados, começamos a caminhada. Essa trilha, muito diferente do dia anterior. Apresenta muitos obstáculos (vegetação cortante/mar de capim selvagem, trilha estreita, descidas em morros, escaladas, charcos). A mochila parece que pesa mais... saliva pesada, garganta seca... Visual estonteante!!! Pegamos pedaços de trilha com muita neblina. O balé das nuvens começa a dar seu show!!! A flora é diversificada e surpreende. Orquídeas e bromélias são bons exemplos a citar. Passamos por vários morros (não sei o nome de todos). A idéia inicial era chegarmos ao Vale das Antas. Chegamos cedo e resolvemos avançar, sem almoço. Apenas barrinha de cereais e muita água.
Avançamos. Encaramos o cavalinho e chegamos na Pedra do Sino (2.263 m de altitude) às 16h30. Montamos acampamento, pegamos água. Preparo do rango (arroz com legumes, nhoque bolonhesa, suco). 18h30 - jantar. Bom papo na barraca até 20h30. Chuva. Frio. Muita roupa, bom saco de dormir, barulhinho bom... sono pesado!!!
Balanço do dia: Felizes, cansados (menos que no primeiro dia, embora sentindo muito as costas/ombros), animados porque fizemos 23 km e avançamos no cronograma determinado, decidimos fechar a travessia em três dias, ao invés de quatro, conforme planejamento inicial.


Acordando no 2o. dia

Açu ao longe

Dá-lhe nóis!

Pedra do Garrafão

Surpresas do Caminho

Quase chegando na Pedra do Açu


Terceiro Dia: 17/06/06

Cinco da manhã já estávamos de pé, caminhando rumo ao topo da Pedra do Sino, com lanternas de cabeça, fogareiro e apetrechos para o café da manhã. Muito frio, muita roupa. O visual é indescritível. Fotos inéditas. Só pensava em agradecer ao Criador por estar ali, e por ter criado, num momento de inspiração e sensibilidade, tamanha obra de arte. O nascer do sol ao balé das nuvens sob os picos é no mínimo mágico!!! Ficamos no topo da Pedra observando so demais morros (Garrafão, Dedo de Deus, Acú, Verruga do Padre, ...), vendo a Baía de Guanabara ao longe, intergindo com a galera que tava por lá. Nem precisa dizer que tirei muitas fotos, ne?! :-) As nuvens vem e vão, de forma muito rápida, compondo vários cenários num mesmo lugar. Tomar café vendo isso é no mínimo um privilégio. Descemos pra base, desmontamos o acampamento, limpeza geral (lixo, louça, etc). Às 10h20 começamos a caminhada rumo à Teresópolis. Esta trilha é a mais tranquila. São quase 11 km de descida. A maior parte do percurso é por dentro da mata. Como havia chovido na noite anterior, estava escorregadia. Sacrifica muito o joelho. Nunca dei tanto valor ao meu tensor!!! Os dedões do pé também reclamam - risos. Mas fomos "de boa"!!! Pausa para barrinha de cereais e suco apenas. Chegando em Teresópolis, no Parque, há mais um trajeto, de descida, até a saída do Parque.
Com isso, completamos os 43 km da travessia às 13h30.
Tomamos um táxi que estava "de bobeira" há um quarteirão do parque para a rodoviária. Lanchamos e às 14h40 embarcamos rumo ao Rio de Janeiro. No Rio, um momento ótimo: BANHO, após 3 dias. Embarcamos às 17h40 para Sampa, onde chegamos às 23h.


Nascer do Sol na Pedra do Sino

Outro look

Registrado um momento singular

Sem palavras...

Balé das Nuvens

Nós na versão muuuiita roupa


Comentários Finais

Nem preciso dizer que valeu demais a viagem, né?! Parece muito cansativo, e sem dúvida foi!!! Mas vale demais a pena, pois o lugar é maravilhoso e mais não pode faltar curriculum de um trilheiro. Acreditem, todo cansaço e limites superados são constantemente compensados pela beleza da paisagem natural.
Sinceramente, fiquei feliz por ter feito essa travessia. Tinha muito receio de atrapalhar a equipe, de diminuir o ritmo da galera pelo meu cansaço, de não estar preparado (sabia de todos os obstáculos pois pesquisei muito sobre a travessia antes. Contudo, não sabia como reagiria frente aos obstáculos). Acho que acima de tudo, a disposição, o amor à natureza, o despreendimento, o espírito aventureiro e o senso de equipe são o que contam mais. Por falar em equipe, tiro o chapéu aos meus camaradas Romilton, Rogério e Marcos. Vocês são os caras!!! Valeu demais o convite, as dicas, o apoio e o papo durante a viagem. Quem quiser saber mais, pode perguntar à vontade!!! Comentários podem vir por mail ou scraps. Tenho 270 fotos em tamanho e resolução originais (básico, né?!), se alguém quiser vê-las, só avisar - hehe.